domingo, 2 de maio de 2010

Autor(a): Marcel Cervantes



"Veja o mundo num grão de areia,
veja o céu em um campo florido,
guarde o infinito na palma da mão,
e a eternidade em uma hora de vida!"
William Blake

Em estado de doce reverência,
Caminho pelos amplos pátios de minha Igreja,
Contemplo seus mínimos detalhes,
Enlevo-me e comungo com todo seu Espírito.

Minha Igreja não está em lugar algum,
Ao mesmo tempo em que mora em todos os lugares:
Ela é os montes, as colinas, os mares, os riachos,
As flores, os sorrisos, os olhares e a palavra.

A sua linda cúpula habita as regiões das estrelas,
Abraçando toda a Terra num encontro celeste;
Seus vitrais são repletos de movimento e de graça,
Sussurrando e cantando em profunda sintonia.

Minha Igreja, que nem minha é,
Mas sim do Coração de Todos os Seres,
Respira tal qual um imenso ser vivo,
Mãe e Irmã de tudo o que Nela há.

Eu próprio sou um enfeite, uma única pérola,
Do lindo e reluzente colar
Que o próprio Deus confeccionou
Para brilhar no colo de sua Esposa.





Para surgir por trás das florestas de seus cabelos,
Brilhando em consonância com as estrelas de seu olhar,
De mãos dadas com o infinito céu de seu sorriso,
Em harmonia com o seu suave respirar.

Em silêncio e de olhos fechados,
De mãos postas no altar de nossos corações,
É possível para todos os que Nela estão
Mergulhar no oceano de sua sacralidade.

E comungar com o canto dos pássaros,
Com o doce murmúrio das árvores,
Com o diálogo dos nossos irmãos animais,
Com o Sonho de Toda Humanidade.

E o soberano e resplandecente Deus,
Que está em tudo e no interior de cada Coração,
Revela-se à medida que os seus filhos e filhas
Reconheçam a divindade de sua Criação.

Pois em todo peito humano há um altar sagrado
Que pede para ser expandido e reconhecido
Em todos os seres, em todas as culturas,
Em toda a vida em sua extensão e diversidade.






E este que assim vive jamais precisará se preocupar,
Pois seu viver será uma eterna oração,
Uma constante reverência ao divino criador,
Que por Amor nos concedeu sua mística Igreja.

Que nos permitiu viver no seio de sua santa Esposa
Como filhos que crescem e evoluem,
Brincando, caindo e aprendendo
A reconhecê-Lo nos seus mínimos detalhes.

A ver o absoluto cósmico num grão de areia,
E a ver um sorriso de criança na extensão do universo;
A reconhecer a voz de Deus num pedido de um simples transeunte,
A reconhecer um humano olhar na soberana vontade de Deus.

Entrelaçando no coração toda a Criação,
Como a costurar um belo vestido de presente
Para o divino casamento entre Deus e Natureza:
Pai de nossas almas, Mãe de nossos corpos.

Que almejam tornar-se um na essência de nosso Ser,
De modo que cada ato e cada vontade e cada sonho
Seja dirigido para todo o Cosmos,
Para a glória de Deus e beleza de nossa Mãe.





Para a constituição da Sagrada Família
Que transcende todas as fronteiras,
De nações, de corpos, de crenças, de idéias,
De raças, de espécies, de gênero, de posse.

E assim perceber no fundo de nossos corações
O verdadeiro pecado e a verdadeira profanação,
Que é permitir que um de nossos irmãos
Padeça da fome do corpo e do espírito.

E que mil orações proferidas não valem
O alimento verdadeiramente concedido
A um de nossos irmãos – linda pérola
Que deseja brilhar no colo de nossa Mãe.

Maravilhoso será o dia em que toda a humanidade,
De joelhos e em oração diante do altar de seus corações,
Puder contemplar o sublime e epifânico mistério
Do casamento sagrado entre nossos divinos pais.

A sorrir e se alegrar em completa beatitude
Diante da unicidade de tudo o que há,
No venerável espetáculo de beleza e de amor
Que há no suave toque de mãos entre Deus e Natureza.

Osho, por que você sempre nos diz para sermos felizes, se, antes da iluminação, a pessoa tem de chegar a um pico de dor e angústia? Se eu nã...