Quem disse que o amor não pode em si?
Quem disse que uma semente antiga não germina
Um dia?
Quem de verdade tem força para impedir?
Você pode amolar sua adaga em ferrugem
Pode afiar a mente em palavras ferinas provindas do teu triste vazio
Você pode enlouquecer na tua branda solidão
Desfazer anos de construção
Mas você não pode ao amor impedir
Nada que se faça em vida
Nada que se projete em morte
Nada maquiavélico pode
Nada que ecoe dos velhos dilemas
Das tramas dos seus pequenos problemas
Nada disso pode impedir o amor
O amor é como uma nascente de um antigo rio
Desce adjacente entre as pedras
Corre em mil formas
Líquido e plasmático
Evapora-se e transforma-se em átomos rarefeitos
Supera o suspeito
Leva ao galho da arvore ao lugar perfeito
O amor busca por si o sol
A luz entre os pontos vazios de escuridões
Tem uma canção destinada
Ecoa em todas as madrugadas
Você que não acredita
Não pode alcançar...
RUSSO,T.C.F.
