quinta-feira, 21 de janeiro de 2010


Nisso está a sabedoria de Deus. Se lembrássemos do mal que fizemos ou dos sofrimentos que passamos, dos inimigos que nos prejudicaram ou daqueles a quem prejudicamos, não teríamos condições de viver entre eles atualmente.

Pois, muitas vezes, os inimigos do passado hoje são os nosso filhos, nossos irmãos, nossos pais, nossos amigos, que presentemente se encontram junto de nós para a reconciliação.

O esquecimento das vidas passadas é uma realidade no processo de reencarnação. Realidade justa e necessária. Mas por outro lado, não seria melhor se lembrássemos de tudo para então saber o porquê de certas coisas que nos acontecem agora?

Certamente isso poderia ser útil, apenas, para poucos, pois é a minoria das pessoas que possui moral elevada o suficiente para estarem sempre prontos à perdoar seus inimigos. Como a maior parte da humanidade não se encontra nesse estágio de evolução moral, o esquecimento é mais uma bênção de Deus para conosco.

Todos temos erros passados a serem corrigidos, pessoas por nós derrubadas e humilhadas em outras encarnações que agora devemos ajudar a se erguerem do abismo em que a empurramos. Tais pessoas podem ser agora nossos pais, irmãos, tios, primos, vizinhos, colegas de trabalho, não se sabe.

Mas como reagiríamos se, ao vermos um filho nosso nascer, reconhecêssemos nele a pessoa de um carrasco em uma vida passada? Alguém que nos arruinou completamente aquela vida! Iríamos dar a ele todo o nosso amor?

A reencarnação, desta forma, é a oportunidade de reparação, como também, oportunidade de devotarmos nossos esforços pelo bem dos outros, apressando nossa evolução espiritual. Quando reencarnamos, trazemos um "plano de vida", compromissos assumidos perante a espiritualidade e perante a nós mesmos, e que dizem respeito à reparação do mal e à prática de todo o bem possível.

O véu lançado sobre esses acontecimentos anteriores é uma ajuda da misericórdia divina que nos coloca em uma posição favorável à reconciliação com nosso próximo. Criando aquela criança desde pequena aprenderemos a amá-la, não mais importando o mal que ela nos causou em outras vidas.

E esse amor que lhe devotarmos fará com que também ela nos dedique seu amor e o passado sombrio seja finalmente deixado para trás.Sem esse esquecimento a vida poderia ser quase impraticável devido ao nosso baixo nível de fraternidade uns para com os outros:

. Imagine os senhores de engenho reencarnando em um local onde estejam alguns de seus antigos escravos.
. Imagine judeus - vítimas do holocausto - encarnando junto a nazistas que foram seus algozes ou de seus familiares.
. Imaginemos, acima de tudo, tempos sombrios da humanidade, como a idade média, onde tanta maldade fora feita de forma totalmente gratuita e legalizada.

Sem o lançamento desse límpido véu sobre nossas vidas anteriores o mundo correria um altíssimo risco de se afundar em um círculo vicioso de ódio recíproco entre os homens.

Já o espírito desencarnado pode sim lembrar - desde que julgue útil e de acordo com a sua evolução moral adquirida - de acontecimentos de vidas passadas, sejam quais forem; isso o auxilia, inclusive, na sua preparação para uma nova encarnação.

Além disso, uma nova encarnação não faz de uma pessoa um novo ser. Apenas o corpo muda, sendo o espírito o mesmo, com o seu caráter moral e intelectualidade particulares, guardando assim todos os seus instintos e pré-disposições, sejam boas ou ruins.

Por isso, pensemos muito antes de julgar o próximo, pois a Lei do Karma é muito justa aos olhos de Deus. Assim, iremos nascer e morrer muitas vezes para progredir, agregando conhecimento espiritual à alma perene encarnada em nossos corpos. Dispomos de inúmeras oportunidades para aprender a arte da convivência em ambiente de cooperação. Compete a cada um descobrir seus caminhos da forma mais consciente possível.

Se há um juiz supremo, é a nossa própria consciência.

Osho, por que você sempre nos diz para sermos felizes, se, antes da iluminação, a pessoa tem de chegar a um pico de dor e angústia? Se eu nã...