sábado, 10 de outubro de 2009


Seja na linguagem corrente (sob a forma de aforismos), na astrologia (sob a forma de atributos), no folclore, nas tradições populares ou nos sonhos, a Lua possui um simbolismo muito rico no qual se encontram, em quase todas as civilizações, os mesmos temas.
As manchas da Lua (que variam segundo os dias e as épocas) ocuparam o pensamento dos poetas, dos filósofos, dos astrólogos e mesmo dos sacerdotes. Todo o bestiário (com seu simbolismo próprio) foi identificado em suas manchas e, por vezes, até mesmo o homem, sob a aparência de um velho canibal (entre os tártaros) ou de uma menina (entre os iacutos). A projeção de problemas sobre as manchas lunares faz desse estudo um verdadeiro teste de Rorschach da humanidade. Para os povos antigos, nas tradições populares, a Lua não é um astro morto mas, ao contrário, em plena mutação.
Sujeita a um simbolismo muito variável, a Lua simboliza igualmente a morte. De fato, a cada mês, durante três dias (na Lua nova) ela desaparece, para reaparecer (ressuscitar) sob forma diferente. A Lua se torna, assim, o lugar de trânsito dos mortos, a passagem obrigatória para uma nova vida. Na mitologia dos povos, numerosas divindades são, não apenas lunares, mas igualmente subterrâneas e noturnas: ligadas à morte) como, por exemplo, Perséfone, Mên etc.
A Lua é também o símbolo dos ritmos biológicos e, particularmente, do ritmo de 28 dias. Nós discutimos os ritmos biológicos em relação à Lua num capítulo anterior.
A Lua é, igualmente, o símbolo (direto ou indireto) da fecundidade. Como símbolo da fecundidade humana ela é estudada na parte consagrada ao controle concepcional lunar; a Lua, como símbolo da fecundidade terrestre, é estudada na parte destinada à astro-meteorologia lunar: as mudanças de Lua sempre anunciam chuva.
A Lua, como símbolo da fecundidade humana, transparece claramente nas tradições dos povos do Norte (finlandeses, estonianos, iacutos) que celebram os casamentos por ocasião da Lua cheia.
Para os chineses, a festa da Lua, festa da colheita, é uma das três grandes festas anuais. Lembremos que os povos asiáticos concedem à Lua um lugar preponderante (ela fixa o calendário, determina o signo astral etc....).
Para os judeus, a Lua simboliza o povo hebreu, sempre em busca de nova morada, mudando de lugar perpetuamente. Para os judeus, como para os árabes (e numa certa medida para os cristãos), a Lua é o regulador dos atos religiosos.
As fases da Lua determinam as datas de grandes festas religiosas.
Observemos, de passagem, que a data da festa da Páscoa, na religião cristã, foi fixada, há alguns séculos apenas, em função de uma fase da Lua. "O cálculo segundo o qual se determina atualmente a data da Páscoa é o seguinte: `Páscoa é o domingo que se segue ao décimo quarto dia da Lua que atinge esse tempo no dia 21 de março ou imediatamente após (...). A celebração no décimo quarto dia da Lua do equinócio fora prescrita muito judiciosamente com o objetivo de impedir qualquer assimilação da Páscoa judaica com a cerimônia cristã'".
Assim, segundo as normas do cálculo eclesiástico atual, cujas tabelas teriam sido elaboradas pelo astrônomo jesuíta Clavius, aconselhado pelo papa Gregório XIII, a Páscoa pode ser celebrada em 35 datas diferentes, escalonadas entre 21 de março e 26 de abril!
Os calendários religiosos cristãos, árabes e judaicos não são os únicos calendários que têm por base os ciclos lunares. Sabemos que a civilização chinesa utilizava muito regularmente as fases da Lua para organizar as cerimônias religiosas ou civis. Aliás, o povo celta, gente bastante misteriosa, agia do mesmo modo.
É Símbolo do tempo que passa, da fecundidade, dos ritmos do povo hebreu, a Lua é igualmente o símbolo do imaginário, do sonho e do inconsciente. Essa assimilação simbólica já é suficientemente conhecida (e nós a descreveremos no capítulo astrológico) para que nos detenhamos nela.
Concluindo, pode-se afirmar que a Lua simboliza tudo o que está em mudança: o tempo que passa, o sonho que foge, o animal ou o homem que se transformam, o ciclo que muda e recomeça etc.
Símbolo de desestabilizaçã o, a Lua é igualmente o símbolo da esperança, pois anuncia que a cada fluxo segue-se um refluxo, que a morte anuncia a vida e que a esperança é a primeira virtude humana. Jamais uma frase terá tanto significado quanto a pronunciada pelos adoradores da Lua: "A Lua está morta! Viva a Lua!"

Osho, por que você sempre nos diz para sermos felizes, se, antes da iluminação, a pessoa tem de chegar a um pico de dor e angústia? Se eu nã...